Este ano eu completo 30 invernos (não são primaveras, pois nasci em julho). Os que já passaram por essa fase sabem que ela vem recheada de mudanças, tanto físicas (já me chamam de Tia ou Senhora na rua!!!), como comportamentais, e com isso vêm os questionamentos.

Após a miscelânea de emoções vividas nos últimos anos, resolvi tirar um tempo para mim. Quero vivenciar situações imprevistas e redescobrir a Flávia, que por vezes vinha se escorando em personagens circunstanciais.

Obtive a aprovação do meu pedido de licença sem vencimentos do trabalho, por um período de um ano. Só faltava isso para começar o meu planejamento de transformar minhas economias em passagens, albergues, museus, paisagens, espiritualidade, comidas, encontros e desencontros.

Dois mil e oito para mim vai ser o ano da cigarra! – Isso não é horóscopo Chinês, Maia ou Checheno; é o resgate da Fábula de La Fontaine (mais conhecida como Fábula da cigarra e da formiga), mas com uma inversão de sua moral: sim, paremos para cantar e apreciar a primavera, e desfrutemos o ócio!!!!!

Meu caminho

12 de dezembro de 2008

Viena, Bratislava, Budapeste

Ontem tive a oportunidade de acesso à internet e visitei meu, abandonado, blog. Vi que os relatos de Berlim estavam como o meu último post, experiências ocorridas no mês de setembro, mas que me parecem tão longínquas... Ainda mais porque agora estou na Ásia, vivenciando um ritmo e emoções completamente distintas daquele período na Europa. Tive, então, a noção de que seria muito difícil a atualização do blog, com relatos detalhados sobre as diversas localidades visitadas nesse ínterim. Por isso resolvi declarar minha incapacidade na manutenção desse espaço. Por alguns minutos pensei em aproveitar para abandoná-lo de vez, por não ter tido muito tempo ou inspiração para escrever. Mas por fim, resolvi tentar mais uma vez e optar por fazer apenas resumos sobre essas localidades anteriores. Então vão alguns...


Áustria: Viena

Da Alemanha segui para Viena, capital da Áustria. Lá fiquei apenas 3 dias, mas levei a impressão de uma cidade muito bonita, organizada, limpa, elitizada, porém cara e um pouco ¨careta¨ (talvez tenha visto dessa maneira porque acabara de chegar da alternativa e punk Berlim).

Viena é banhada pelo Rio Danúbio, mas o coração e centro histórico da cidade está dentro de um perímetro circular chamado Ringstraße, onde há uma grande quantidade de jardins, monumentos, palácios e outras construções grandiosas. Nesse centro também há uma área conhecida como zona internacional, onde estão as sedes e escritórios de organizações internacionais de nações unidas e grandes corporações. Tanto hoje, como no passado - quando era capital do antigo império Austríaco e Austro-húngaro -, Viena tem sido uma importante cidade no mapa político europeu.

Entretanto, a cidade é mesmo marcada por sua inclinação pelas artes, devido à presença de uma grande quantidade de museus (dizem que há mais de 100 museus de arte, além dos museus de história e de ciência!), conservatórios de música e teatros de ópera e música erudita. Infelizmente não tive tempo e dinheiro para ver um concerto de música clássica. Mas ao menos visitei alguns dos museus, como o de História Natural (MHN) e os museus de arte Albertina e Belvedere. Amei ter visto a coleção ornitológica do MHN, mas também fiquei sem fôlego ao contemplar as douradas obras ¨O beijo¨ e ¨Judith¨ de Gustav Klimt, o mais famoso pintor austríaco. Emocionante!

Um dos pontos fortes da minha visita a Viena foi as amizades que fiz na cidade. Por meio de um couchsurfer conheci um casal muito legal, a austríaca Julia e o italiano Stephano, que me acolheram em sua casa. Eles ainda promoveram um jantar para me apresentar a uns amigos e aos dotes culinários do meu anfitrião, que, honrando suas raízes, fez uma massa caseira deliciosa. De lá ainda saímos para a noite vienense. Nada muito empolgante, exceto as ótimas companhias.



Eslováquia: Bratislava

De Viena, peguei um trem à tarde para a vizinha Bratislava, capital da Eslováquia. Ela está a apenas 60 km de Viena e vale a visita. É uma cidade de aproximadamente 427.000 habitantes e tem um centro histórico muito gracioso e preservado, que, para uma idéia geral, pode até ser visitado em um dia. Por estar com o calendário apertado, reservei apenas uma noite e um dia para lá. Contudo, não tive muita sorte, pois caiu uma forte chuva no dia da minha visita. De qualquer maneira, em um momento de estiagem peguei o guarda-chuva e corri para o centro com outras duas brasileiras, que estavam no mesmo albergue, para darmos um giro pelos principais pontos turísticos. Jatos de água iam e vinham e depois de algumas horas caminhando, nossos molhados e frios pés nos conduziram a um aconchegante café. Lá passamos o resto da tarde papeando, escutando - acreditem! - bossa nova e, sem culpa, comendo bolos e tomando cremosos chocolates-quentes. De lá passei no albergue para buscar minha mochila e seguir para a estação ferroviária, onde pegaria um trem para Budapeste.



Hungria: Budapeste

Cheguei a Budapeste à noite e fui direto ao albergue. Ao chegar fui acomodada em um mezanino, onde já havia outro mochileiro. Nos apresentamos em inglês, mas em menos de 5 minutos já nos reconhecemos como brasileiros. Ângelo era um carioca ¨maneríííssimo¨ e, juntamente com Liza (australiana) e Fernando (mexicano), foi minha companhia enquanto estive na cidade.

Meu albergue ficava na área da antiga Peste, à leste do Rio Danúbio. Este rio outrora era a fronteira de três cidades que foram unificadas em 1873 para formar Budapeste: Peste, em uma margem, e Buda e Óbuda (Buda antiga), na outra. Apesar das chuvas intermitentes, circulei bastante na cidade e tive a oportunidade de visitar suas distintas regiões, sempre com meu guarda-chuva a tira-colo.

A cidade é muito linda e os dois lados me pareceram bastante interessantes. Buda fica em uma região montanhosa e florestada e abriga grande parte dos sítios históricos e de interesse turístico, como o distrito do Castelo, museus, antigas igrejas, o Fisherman, casas de banhos termais e outros prédios. Peste é uma área mais plana, que concentra as estruturas administrativas, políticas, comerciais, econômicas e culturais da cidade. Lá também há vários locais de interesse para visitação, porém mais espacialmente dispersos, como o prédio do Parlamento, a grande Sinagoga, a Praça dos Heróis, o Octogonal, vários museus, casas de banhos termais, mercados e outros. Há também a famosa Avenida Andrassy, onde se encontram belíssimos prédios antigos, famosos e anônimos, e de diferentes estilos arquitetônicos. Essa avenida, como também o distrito do Castelo, são sítios tombados pela UNESCO como Patrimônio Histórico Mundial da Humanidade.

Entre os locais visitados, destaco a visita que fiz ao Museu de Finas Artes, onde havia uma exposição fotográfica chamada body and soul, com obras de fotógrafos desde o início do século XX até de contemporâneos. Havia fotos artísticas em estúdio, mas também jornalísticas, com destaque àquelas fantásticas feitas por Robert Cappa, Henry Cartier Bresson e pelo brasileiríssimo Sebastião Salgado. Percebi como cada vez mais me atraio pela fotografia e gosto de observar exposições, tanto para apreciar o lirismo e a dramaticidade das cenas, como tentar analisar as técnicas utilizadas pelos autores.

Outra experiência bem legal foi minha visita a uma casa de banho de águas termais. Fui à noite ao Banho Széchenyi, que é um dos mais antigos de Budapeste e o maior da Europa. Lá há piscinas em ambientes interiores e exteriores, com diferentes temperaturas e distintas concentrações de elementos químicos nas águas medicinais. Passei várias horas, pulando de piscina em piscina, até os dedos ficarem extremamente enrugados. Foi um passeio muito prazeroso e relaxante, adorei!

Por fim, chamo a atenção para uma saída noturna num clube de jazz em Peste, onde tive o prazer de ver uma empolgante jam session, com excelentes músicos e ainda de graça! Saí com uma impressão que em Budapeste há ótimo espaço para a boa música, pela considerável quantidade de concertos de jazz que aconteciam na cidade e de canções brasileiras de samba e bossa-nova que escutei em bares e rádios locais!

Nos últimos dias em Budapeste comecei a pensar qual seria meu próximo destino. Depois de lá não tinha nada planejado, apenas sabia que teria que estar dia 02 de outubro em Milão, para encontrar meu pai e a Bety, que estariam de férias pela Europa. Depois de tanto estudar o mapa europeu e o calendário, optei pela Croácia. Já tinha escutado comentários positivos sobre a beleza e os custos do país, e sua localização conciliava com meus planos de entrar na Itália pela Eslovênia. Descobri que o Fernando também tinha planos de seguir para Zagreb, então decidimos ir juntos.


11 comentários:

Dea Conti disse...

Filhota, imagino que aí na Índia você terá várias vezes essa vontade de não fazer coisas que vinha fazendo, mas, suplico!, não abandone este blog. Não só porque é mais uma forma de ligação entre nós, mas também porque quero escutar esses relatos. Sei que quando voltar terá muitas coisas a contar pra nós todos, mas não será a mesma coisa...

Engraçado, Viena também nunca me cativou muito.

beijos da mama,
te amo

Anônimo disse...

Também nós tivémos a mesma sensação sobre a Austria,não só Viena .Tudo muito bonito,muito limpo,monumentos magnificos,musica por tudo quanto é sitio,óptimos jardins ,mas ... havia qualquer coisa estranho,mais para o desagradável :conservadorismo serôdio,talvez !Passear,planear roteiros,tratar das passagens e das acomodações,andar numa roda viva,não ajuda a feitura do blog,o que se compreende .Mas se tornar a coisa numa obrigação,pior ainda,pelo que não o considere assim ( à mamã mande um mail rapidinho,quando o atraso se prolonga) .Escreva só quando lhe apetecer,mas não desista do blog,pois no final da viajem vai saber muito bem .A verdade,é que o blog continua óptimo e muito bem organizado .Tudo a correr pelo melhor .Beijos

cigarra disse...

Ola meus fieis interlocutores!
Sei bem que esse esforco de escrever, mesmo quando nao tenho muita vontade, vai valer muito a pena no futuro. Sao momentos preciosos da minha vida e vou querer reler isso daqui uns anos, ou ate mostrar para um sobrinho, quem sabe um filho, sobre as (des)aventuras da tia/mae pelo mudao!
Mas tambem mantenho ele por que e um canal com vcs que estao sempre a interagir comigo por aqui. Me faz muito bem, abrir essa pagina de comentarios e escutar os pontos de vistas de vcs.
Obrigada pelo carinho, amo muito mesmo vcs,
beijao Fla (que acaba de chegar em uma linda praia na regiao de Gokarna, e vai correndo para o mar!)

Anônimo disse...

Aproveite bem esse mar,porque por aqui está um frio de rachar,com chuva e muita neve ,acima dos 800 metros .Tempo de Inverno,mas também de Natal, cá por estas bandas .Beijos

Prem Madhuri disse...

Ah, vai abandonar esse blog nao!!!!
Quero ler sobra a nossa Incredible India, ver nossas fotos por aqui e saber do resto, quando nao mais estivermos juntas.
E... vamos sair logo dessa salinha quente e dar um mergulhao nesse mar imensoooooooooooo....
Beijos.

Unknown disse...

êta nóis! o mais legal disso tudo é ver relatos e fotos de um lugar frio e chuvoso e em seguida saber que vão mergulhar num marzão.
hehehehehehe
isso vai valer sim e muito no futuro fafá. larga o blog não. como já falei, se não tiver acesso a net ou não estiver com vontade de digitar, compre um caderninho e a noite, antes de dormir, vc escreve os relatos do dia e qdo a vontade chegar é só vc transcrever aqui.
beijão, amo muito vcs duas.

Anônimo disse...

Flá, ainda não tinha lido esse post. Concordo com sua mãe: não pare mesmo. Estou amando seu blog. Fuço tudo, ando nos mapas, viajo nas fotos. Enfim, venho aqui todos os dias e ficaria muito triste se você parasse.

beijos

Unknown disse...

Flaviaaaaaaaa!
Tudo bem minha querida? Espero que esteja curtindo muito a Índia. Não vá fazer igual a mulher daquele filme: que foi e ficou (rs).
Dia 23 embarco para Cuba...
Beijão para vc e Cládia. Feliz final de anoooo

cigarra disse...

Cau, tranquila, que nao vou abortar a missao!
Tia ana, depois da chuva, depois do so, calor (quase derreti no sul da India) e agora um baita frio em Varanasi. E uma preparacao para a volta aos Himalaias, no retiro que iremos fazer em Rishkesh! Quanto as historias, pode deixar que elas serao contadas.
Lia, prazer em conhece-la, escreva sempre, ou no blog ou para o meu email mesmo. Quanto a sua gana de sair pelo mundo: dou o maior apoio. Vc nao imagina como isso e profundo!
Marcao, sudades!!!!! DAnce uma salsa por mim em Cuba que eu vou desfrutar um concerto de musica indiana (citara, tabla, etc) aqui por vc, ok? tenho certeza que iria pirar!
amo vcs,
saudades Fla

Dea Conti disse...

Saudade das aventuras por aqui, já que nos e-mails vocês não as contam... E as fotinhos? A Índia as deixou preguiçosas?

beijocas da mama

Cintia disse...

Gostei muito dos seus relatos. Devo fazer esta viagem a partir de Viena agora em outubro de 2011 , começando por Viena e gostaria de algumas conselhos. Vamos eu, meu marido( 73 e filha( 32), onde aconselha que fiquemos? Vamos alugar um carro em Viena. Voce não continuou a viagem para a Croácia?
Muito obrigada por sua colaboração!
beijos
Cintia