Este ano eu completo 30 invernos (não são primaveras, pois nasci em julho). Os que já passaram por essa fase sabem que ela vem recheada de mudanças, tanto físicas (já me chamam de Tia ou Senhora na rua!!!), como comportamentais, e com isso vêm os questionamentos.

Após a miscelânea de emoções vividas nos últimos anos, resolvi tirar um tempo para mim. Quero vivenciar situações imprevistas e redescobrir a Flávia, que por vezes vinha se escorando em personagens circunstanciais.

Obtive a aprovação do meu pedido de licença sem vencimentos do trabalho, por um período de um ano. Só faltava isso para começar o meu planejamento de transformar minhas economias em passagens, albergues, museus, paisagens, espiritualidade, comidas, encontros e desencontros.

Dois mil e oito para mim vai ser o ano da cigarra! – Isso não é horóscopo Chinês, Maia ou Checheno; é o resgate da Fábula de La Fontaine (mais conhecida como Fábula da cigarra e da formiga), mas com uma inversão de sua moral: sim, paremos para cantar e apreciar a primavera, e desfrutemos o ócio!!!!!

Meu caminho

8 de julho de 2008

Andaluzia

Uma vez um amigo me disse que no sul da Espanha existem basicamente duas estações no ano: inverno e inferno. Seguindo sua bem humorada classificação climática, suponho que, possivelmente, o Sete-pele também estava em visita à região da Andaluzia neste verão! Depois de ter dormido enrolada em um cobertor metálico de emergência para suportar o frio noturno nas montanhas de Abelgas de Luna, com dois dias de intervalo estava eu procurando qualquer vestígio de sombra para me abrigar nas cálidas ruas de Sevilha.

Além da capital da Andaluzia, visitei também as cidades de Cádiz, Granada e Córdoba, essa última a mais quente e abafada, com uma temperatura ao sol cujo pico chegou aos 43 graus Celsius. Essas altas temperaturas durante o verão andaluz são decorrentes da influência de ondas de calor vindas do vizinho deserto do Saara. Para mim, apesar de viver os últimos cinco anos em regiões muito quentes, como Amazônia e Nordeste brasileiro, aquele calor beirou o insuportável. Entretanto, a beleza dessas cidades é tanta que me servia de inspiração para sair sedenta por suas ruas.

À primeira vista, o que mais se destaca na região é a influência moura em sua arquitetura. Através da Andaluzia foi introduzida a cultura árabe-mulçumana na Espanha e foi lá o último reduto do domínio mouro no país. Por esse motivo a existência de impressionantes e relevantes monumentos do período do emirado/califado Al-Andaluz, que se encontram bem preservados. Mas uma importante característica da região é sua diversidade étnica e cultural. Atualmente entre a população residente, além dos brancos católicos, são comuns também árabes, ciganos e negros africanos. A diversidade cultural é algo que faz parte da história local, que do século VIII ao XV testemunhou uma sociedade formada por cristãos, mulçumanos e judeus, convivendo pacificamente e, em parte, integrados. O legado dessa pluralidade está na riqueza de sua cultura, berço das touradas, da música e dança flamencas, manifestações presentes no imaginário poético sobre a Espanha.

Entre as atrações visitadas, arrisco destacar:

Em Sevilha – o Bairro Santa Cruz, antigo bairro judeu com labirínticas ruelas, e a Praça de Espanha, com formato semicircular e ornamentado por azulejos representando as 48 províncias espanholas – com mapas, brasões e cenas históricas.

Em Granada – as ruelas mouriscas do bairro de Alcazar, os mirantes e as cavernas transformadas em residências no bairro Sacromonte, e os maravilhosos jardins e palácios árabes da Alhambra.

Em Córdoba – a incrível mesquita transformada em catedral, resultando em uma inusitada mistura de elementos mulçumanos e católicos.

Contudo, entre todas as cidades andaluzas visitadas, Granada foi a que mais gostei de estar. É uma cidade de porte médio, cujos monumentos e vida noturna completam-se perfeitamente. Além dos diversos grupos turísticos, muito comuns na Andaluzia, há uma grande quantidade de jovens despojados, de diferentes nacionalidades, que lá residem ou estão apenas de passagem. Ali conheci muita gente interessante e tive o prazer de comemorar o título da Espanha na Eurocopa, com direito a banho na fonte da praça central da cidade e aos gritos de "España , entera, se va de borrachera!!!". Foi um bom pretexto para nos aliviar do calor infernal: nós, endiabrados torcedores, que naquele lugar estávamos mais próximo do paraíso que do inferno.

Pena ter perdido várias fotos, entre elas as da fonte e algumas da Alhambra, devido a um problema no cartão da máquina. Ah, elas estavam super legais! Mas suponho que terei de lidar com esse tipo de percalço no caminho...



8 comentários:

Anônimo disse...

Já estávamos com saudades de noticias ,mas quem anda em tais " descobertas " tem mais em que pensar.Andaluzia é muito quente nesta altura do ano,mas as noites são magnificas .Caminhando para Norte,vem um pouco mais de fresco .Flávia está uma fotógrafa " profissional" de excelente qualidade .Continuação de óptimas descobertas .Beijinhos dos primos

Lau_roots disse...

não consigo ver as fotos de jeito nenhum!!!

Prem Madhuri disse...

Não sabe, então, o que perdes, Lau. Estão lindas. Gostei dos balaústres azuis. Balaústre, né, que chama?

Vamo que vamo que a viagem não pode parar!

Beijos

Raquel disse...

Amigaaaaaaaaaaaa!!!
Antes de mais nada, FELIZ ANIVERSARIO atrasado... Puxa, nao pense que esqueci; emendei duas viagens (Palmas e Jere) com uma sinusite das bravas, depois te conto...
Fique com Deus e faça (muitos!) bons amigos, tá? Bjs saudosos...

PS: CBO foi massa, calorão de 45 tb por lá. Muitos mandaram bjs, viu?

Raquel disse...

Ah, esqueci de registrar minha paixão pela região da Andaluzia, que data dos tempos em que curti o Flamenco, com os sapateados, penteados, babados e tudo o que tem direito!!!
Lembre-se de mim qdo for marcar o tempo dos tacos e castanholas com as palmas, viu? Bjs

Ana Conti disse...

Também não consigo ver as fotos :o(

Beijos bela e contunue a nos brindar com os causos da viagem.

Ana Conti disse...

iebaa!!!!!!!!!!!!!!!

consegui ver as fotos.
realmente elas estão super legais.
beijos

Nina disse...

oi Flávia! que legal saber que vc tem um blog. Bom, nao estou conseguindo visualizar as fotos, mas deve ser meu computador que anda me dando alguns probleminhas ultimamente.

mas pelo que li aqui, vc está curtindo bastante sua viagem. pena que nao deu pra passar por aqui. mas quem sabe uma próxima vez?
adorei sua explicacao sobre a formiga e cigarra.

aproveita bastante Paris por mim. e faça mesmo mt fotos, porque isso é delicioso e ficarao as boas lembranças impressas ou nao num papel.

Um beijo e ainda mt boa viagem. Já fiz uma viagem dessas, sozinha, eu, Deus e minha mochila, nao por aqui, mas pelo nordeste do Brasil e pude conhecer um pouco de João Pessoa (gostei demais, é uma linda e ainda tranquila cidade , que nao sei por qual razao está fora do circuito turistico, afinal tem lindas praias nos belos caminhos, mas isso talvez seja bom, mantém a cidade com aquele bom ar do interior, apesar de ser uma grande cidade).

Fica bem e nos mantenha informados de como está a viagem ao "seu" centro.