Este ano eu completo 30 invernos (não são primaveras, pois nasci em julho). Os que já passaram por essa fase sabem que ela vem recheada de mudanças, tanto físicas (já me chamam de Tia ou Senhora na rua!!!), como comportamentais, e com isso vêm os questionamentos.

Após a miscelânea de emoções vividas nos últimos anos, resolvi tirar um tempo para mim. Quero vivenciar situações imprevistas e redescobrir a Flávia, que por vezes vinha se escorando em personagens circunstanciais.

Obtive a aprovação do meu pedido de licença sem vencimentos do trabalho, por um período de um ano. Só faltava isso para começar o meu planejamento de transformar minhas economias em passagens, albergues, museus, paisagens, espiritualidade, comidas, encontros e desencontros.

Dois mil e oito para mim vai ser o ano da cigarra! – Isso não é horóscopo Chinês, Maia ou Checheno; é o resgate da Fábula de La Fontaine (mais conhecida como Fábula da cigarra e da formiga), mas com uma inversão de sua moral: sim, paremos para cantar e apreciar a primavera, e desfrutemos o ócio!!!!!

Meu caminho

11 de agosto de 2009

Vriksha

Hoje, depois do habitual yoga matinal, passei um tempo pensando sobre a postura da árvore (Vrikshasana). Ela sempre mexeu muito comigo, pois sinto que me traz equilíbrio e centramento. Agora, que estou no mergulho de percepções mais sutís, me sinto ainda mais apaixonada por ela. Ao praticá-la, trabalhamos quase todos os centros energéticos, inclusive a nossa base. Contudo, a postura é transcendente e nos conecta com o alto, energizando principalmente, o Ajana chakra(sexto centro). Quando estou nela, após umas poucas respirações profundas já percebo esse poder sobre os meus corpos físico, emocional, mental e energético.

Mas, particularmente, o que hoje me sensibilizou foi a valiosa mensagem que percebi ao fazer uma variação desse asana: quando já estamos confortável e firme na postura, com as mãos elevadas em prece para o céu, descemos o tronco até as mãos tocarem o solo (mantendo a mesma base). Esse movimento é uma representação da figueira Banyan, considerada sagrada na Índia. Ela é uma frondosa árvore que com o tempo vai lançando dos seus galhos, raízes que buscam o solo. Quanto mais antigo o indivíduo, mais "troncos-raizes" ele terá, até chegar um ponto que fica difícil saber qual dessas bases é o tronco principal.

No hata yoga, estar em asana é estar firme e confortável na postura. Fiquei pensando que o avanço da postura da árvore pode ser considerado uma grande lição, pois ao descer devemos manter esses mesmos atributos: firmeza, conforto, equilíbrio, confiança e beleza. Esse movimento me fez refletir sobre a nossa postura em relação a impermanência das coisas, a dualidade da vida nessa nossa realidade mundana e a existência de ciclos como a roda de Samsara: uma hora estamos direcionados para o céu, outra hora para o chão. E quando o sentido é para baixo, podemos inicialmente achar essa fase ruim por estarmos contrários ao céu, por outro lado, podemos também ficar felizes pela oportunidade que nos leva a aproximarmos mais da terra, da nossa base.

No Banyan, com o processo de enraizamento, a árvore adquire mais sustentação e é fortalecida, pois com mais troncos-raízes ela será mais firme, melhor nutrida, diversificada e resistente. E conosco, não é o mesmo? Se encararmos todo processo de crise, como uma oportunidade para um crescimento, evolução e fortalecimento, poderemos também nos beneficiar desse, inevitável, movimento de subidas e descidas que é a vida e encarar todo esse jogo com mais leveza.
A natureza é mesmo uma poesia, o Guru em sua forma imanifesta! E o yoga é mesmo a sabedoria da união, a síntese! Fantástico!

Sugestão: pratiquem-na sempre e, ao fazer, tente lembrar dessa mensagem que o universo nos traz.
Namastê

4 comentários:

Dea Conti disse...

Gostaria de voltar a praticá-la... a Yoga. Principalmente após ter lido o seu post e sentido a sua vibração. Namastê! E beijos.

Dea Conti disse...

Aliás: http://www.youtube.com/watch?v=HuYJehFQhhw

MTOCAS disse...

esta tua comparação da arvore connosco é isso mesmo que eu sinto...no inicio sofri com a dita impermanência das coisas, contudo abriu hoje não voltaria atras para a impedir...

ainda não o consigo fazer com os olhos fechados :-)

Raquel disse...

Flá, nao sei bem o porque, se a limitação é fisica ou espiritual, mas nao consigo fazer a postura, de jeito nenhum! O pé escorrega, o quadril se joga pra trás e o joelho que é dobrado dói horrores!! Espero conseguir evoluir nessa...