Após cansativas 9 horas de vôo, eu e minha avó estávamos emocionadas por chegar em Portugal, cada uma com seus motivos particulares, mas comungando sentimentos de curiosidade e de desejo de devorar o desconhecido. O interessante é que a perspectiva do novo já se debruçou em nós ainda no caminho, quando tivemos um pequeno, mas significativo, mal entendido no avião, no momento que recebemos uma gratuita grosseria da aeromoça portuguesa. Este fato, que não chegou a causar grandes desânimos, serviu-nos de alerta: não interessa nossas puras intenções, mas a cultura alheia é um filtro que pode mal interpretar o despojo à moda brasileira. Esse é um importante lembrete a ser levado para o resto da viagem.
Chegando na cidade fomos conhecer o Castelo de São Jorge, que nos ofereceu uma bela vista de Lisboa. Curioso (e cafona) é que fiquei sensibilizada por me encontrar pela primeira vez em um cenário tão comum dos contos de fada da infância e dos marcantes filmes de sessão da tarde. Sei que é bem possível que até enjoe dos castelos durante essa jornada pela Europa, mas agora não banalizo a experiência. Foi como para mim ver a neve pela primeira vez, ao lado de uma amiga neozelandeza: eu chorava às gargalhadas e ela ria de mim, já anestesiada e acostumada com a sazonalidade de seu país.
Tão especial quanto o castelo é o seu percurso. As ruas estreitas e íngremes de Alfama, onde se encontram vários incríveis miradouros para o Tejo e os bairros, são também palco dos olhares curiosos dos idosos nas janelas dos prédios, ornamentados com roupas penduradas em varais. Eram casas portuguesas, com certeza!
Hoje é o segundo dia na cidade, já conhecemos um pouco dos Bairros Alto, Baixa, Chiado e Alfama, e é essa alma portuguesa que tem me encantado: das senhoras nas janelas vestidas com suas togas e munidas de martelos, dos senhores de boina em rotineiras jogatinas nas calçadas, dos típicos pastéis e receitas de bacalhau, dos melancólicos fados e dos monumentos saudosistas relativos ao período hegemônico nos mares ou ao fervor católico ibérico. Ao lerem isso há quem possa me considerar conservadora, acho que não sou de todo, mas admito que essas cenas tem me tocado por serem , ao mesmo tempo, caricatas, densas, belas e cômicas.
Revistas me indicam regiões modernas a serem visitadas, como o Parque das Nações, porém a minha vontade é de continuar explorando as áreas tradicionais da cidade e entorno. Talvez esteja perdendo coisas maravilhosas, mas não sei, acho que meu espírito está agora em busca das singularidades, do que é pitoresco; e é nesses labirintos de ruas azulejadas que tenho encontrado isso em Lisboa.
OBS: Para os que não sabem, minha avó veio me acompanhar no trecho de Portugal, o que tem sido uma experiência fantástica!
Ouça a canção...
Para uma melhor visualização das fotos: Flickr
12 comentários:
Uma delícia ler seu texto e verificar que sua percepção de Lisboa, dessa sua primeira vez em solo lusitano, foi e está sendo igual a minha. O primeiro castelo a gente nunca esquece, não importa quantos mais bonitos venhamos a ver pelos caminhos. O de Lisboa também foi o meu primeiro castelo e a cidade a porta de entrada das minhas viagens. Amo Lisboa e estou revivendo-a através de você, filhota.
beijocas mil
Realmente, é uma delícia escutar os primeiros cantos dessa cigarrinha linda que busca respostas em ruas, castelos e vivências. Adorei o que escreveu. Dá uma vontade enorme de conhecer também. Acompanhar-te , assim como para sua adorável mãe, será um prazer pra mim, aqui, distante e próximo ao mesmo tempo.
Bom te acompanhar daqui. Cada lugar visitado pos você é, também visitado por mim, mas não de forma concreta, ao certo. É seu coração que chega ao meu. Da sua leitura faço a minha. E foi uma delícia estar nesse castelo. Vai colocando seu coração que coloco o meu de encontro e estaremos juntas, fazendo essa viagem. Até estarmos de fato!
Te amo.
amiga!!
saudades...se cuida hein?
e qualquer coisa grita que vou...kkkkkk
te adoro,beij�o!!
Ai que bom.... estava ansioso para saber de vocês e da viagem! Adorei seu texto e as fotos, fiquei literalmente sem folego. Um beijão grande e por aqui estarei torcendo e acompanhando vocês com meu coração. Hz
busque o inesperado e o tradicional e se surpreenderá com experiências inesperadas que só a história e quem a vive saberá. beijo grande. pat.
Olá Flávia, o e-mail da prima de Rachel que mora aí em portugal é: aninha_lyra@hotmail.com. Fala que é minha amiga de João Pessoa, trabalha no cemave e etc,ok? Beijos e não esqueça dos meus presentes....kkkkkk Beijos. Wallace.
Flavinha! Que delícia, mulher! To amando essa sua viagem! Aqui em JP tá todo mundo comentando e morrendo de saudade de você, menina. Viaja muito, querida, mas volta, viu? Volta, que aqui tem uma porção significativa de gente que te ama muito (e uns mais que outros, né, bichinha? rs). Traz bastante foto, mas principalmente muita história legal pra contar pra gente.
Que Deus te proteja sempre, amiga querida, e te traga de volta mais feliz do que quando partiu daqui.
um beijo grande
So
Seja meus olhos no mundo e
veja tudo...
Seja as minhas pernas e
vá a todo lugar...
Seja lúcida na loucura,
Seja atenta ao aprendizado,
Seja aberta à diferença,
Seja feliz e me deixará em paz.
Lindo texto. lindas fotos.
linda irmã, vá e seja gauche na vida!
Amo você
Oi, Flávia!
Que história é essa de "cafona"?! Vc está ficando velha mesmo, hein? Rsrs.
Sério: legal acompanhar sua viagem e saber notícias suas por esse mundo afora. Bom tb te ver nas fotos, pois há tempo não nos vemos, não?
Bjo.
Fafa, a rua da última foto é que fica a Alfaiataria Nunes Corrêa. Você não viu? Beijos, Betão
Flávia que coisa mais linda esse seu blog!!!! Que modernidade!! Lindo! Tô adorando ler suas palavras... experiências. Em julho de 4 a 15 estarei na Itália com o André. è uma possibilidade a gente se encontrar, não?!?!
Super saudade de vc. Te adoro Beijo.
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